Muitas famílias não atentam-se para a importância que exercem nas vidas de suas crianças e isso pode fazer delas pessoas letradas ou não.

No livro Éduquer pour rendre heureux da autora Quebecoise Corlete Portellance (2008) nos faz remeter o quanto nossa postura como pais, professores e adultos influentes na vida das crianças pode trazer sérios problemas no cognitivo delas A autora começa o primeiro capítulo com a seguinte citação:

“J´ai peur, j´ai peur”, crie em pleurant le petit Georges. Le prenant solidement par la main, son père le tire vers le déclencheur de sa frayeur, le gros chien noir du voisin, et lui dit d´u ton péremptoire: “ Arrête de pleurer. Tu n´as aucune raison de t´affoler, ce chien n´est pas méchant. Et puis, regarde ton frère, il est plus jeune que toi et il n´a pas peur, lui”. P. 9

Bem eu não sou uma tradutora da língua francesa, mas grosso modo o menino diz que está com medo do cachorro preto e segura fortemente a mão de seu pai que diz a ele “pare de chorar não há qualquer razão para você ter medo, esse cachorro não oferece perigo. E depois olha seu irmão, ele é mais novo do que você e não tem medo do cachorro”.

Esse tipo de comportamento por parte dos pais pode causar grandes danos na vida de uma criança.

A fala do pai foi muito forte para o garoto, Georges, nome do garoto, o fez passar a agir de outra forma, mas o pavor continuava existindo. O que ele fez, segundo a autora foi se transformar em alguém que ele não era:

“À cinq ans, il comprend que pour être confomrme aux usages et pou être aimé de son père, il ne doit pas pleurer et, consequemment, il ne doit pas avoir peur”. P.9

“Com cinco anos a criança compreende que para ser amada por seu pai ela não deverá chorar nem sentir medo”.

O papel do pai seria proteger a criança em seus braços, mas ao contrario disso o comparou com o irmão para tentar fazer dele mais forte do que Georges era.

O triste é que Georges passou a acreditar que para conseguir ser amado não poderia ser frágil. A fragilidade é algo forte na vida de todos nós, pois todos nós temos nossos pontos fracos; eu particularmente tenho um verdadeiro pavor de cobras e, por isso quando vou ao zoológico pulo a visita as elas; nada nem ninguém poderão apagar esse pavor e só eu sei o que eu sinto. Ninguém poderá entrar em meus sentimentos e mudar isso, se um dia mudar é porque eu consegui superar isso. Gostaria de ressaltar aqui que nunca senti o desejo de mudar isso.

Quando os pais comparam seus filhos de forma a enaltecer um e em diminuir o outro ele poderá desencadear um grande problema em todos os aspectos da vida das crianças. Temos de lembrar que graças a Deus nenhum de nós tem as mesmas fraquezas e nem os mesmos anseios.

Conheci uma amiga em Londres e lá tínhamos de fazer algumas atividades juntas, mas passamos a ter problemas, pois eu era muito acelerada. Um dia ela me disse: “Olha eu não gosto do jeito com que você conduz as coisas, pois eu sou muito diferente de você e não consigo acompanhar o seu ritmo. A partir daquele momento passei a respeitar seu jeito e ao final de nossa viagem falávamos de tudo e ficamos super amigas. O caminho é respeitar o outro, pois cada um tem suas limitações.

Os pais precisam ter como principal objetivo fazer seu filho feliz. Portelance ainda diz que “eduquer une personne humaine c´est lui apprendre à être ele-même; à être em relation avec les autres; à être creatrice de as vie et de ses rêves”.

A tradução, só para compreensão diz que: educar um ser humano e lhe ensinar a ser ele mesmo, a relacionar-se com os outros a ser o criador de sua vida e de seus sonhos.

Porque quando não seguimos em busca dos nossos sonhos e nos desrespeitamos para agradar o outro, criamos um personagem a ser aceito pelos demais como o correto, mas isso só nos fará infelizes.

Os pais devem participar ativamente da vida das crianças, mas não podem obriga-las a terem comportamentos semelhantes aos demais. Lembre-se cada filho é único e para ser um ser letrado é preciso que ele seja visto como um ser autônomo de suas ações e acima de tudo livre para ampliar conheciento com segurança.

Referência:

PORTELANCE, Colette. Éduquer pour rendre hereux 2e. éd. Montreal, Québec, Canada: Bibliothéque national du Québec, 2008.